1
Começada a empreitada pelo telhado
contra os cânones
e o conselho do prior.
2
Se havia fio condutor
não era à prova de água
e o cão tresloucado tratou de o provar.
3
A iguaria merecia distinção
e os ancoradouros de outros lugares
assinaram a tinta-da-china.
4
O operário esfrega as mãos
mas não é de contentamento
é para acentuar as rugas.
5
A escola inventariou um saber
sem ajuda das prateleiras da biblioteca
na sua opacidade inútil.
6
A fortuna está nos livros,
repetiu o filósofo
enquanto ninguém lhe dava atenção.
7
A praça estava deserta
na panóplia de silêncios
de que é fautora a noite.
8
Se ao menos um livro
viesse conhecer a noite
traduzia a audácia em sabores.
9
São contemplativas as preces
menos para o sacerdote
que ferve à espera do manjar.
10
As mãos inscrevem-se nas flores
e perfumadas assentam o entardecer
na literatura experimental.
11
Não sabem nada, os turistas
a não ser emprestar mundo
à cidade que os recebe.
12
Do alto das muralhas
os rapazes admiram o rio
só falta uma estrofe a desenhar os limites.
13
Da noite estimada
a coreografia de luzes
e a volúpia dos corpos.
14
Da alvorada anunciam-se os alicerces
por onde os cânones
interpretam os começos.
15
Desafiam-se as larvares consumições
as onomatopeias costuram as paredes
e os ascetas despem-se de pressupostos.
16
Tudo é nudez
em palavras e ideias
para ninguém ganhar vantagem.
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