Trivial
a lamentação expedita
dos fracos, incorrigíveis ascetas
por dentro da arrumação enquistada
o solilóquio arrastado,
pesaroso,
um rosário de fragilidades a comiserar,
e a convocar comiseração
elevada a uma qualquer potência.
Os prantos são chamamento
achas incandescentes dentro da carne crua,
peritos na sua própria crucificação.
Os contos
são pedras incrustadas
nos rostos desfigurados por rugas de dor
e qualquer palavra é arrancada a ferros
um santuário de angústias em maré alta
antes que ao cais amarre um ombro condoído
para amparar o corpo combalido.
São desamores
intrigas em que são presas
deslealdades
tresleituras de personalidade
(ou não fosse suficiente
o caldo pestilento de que patronos)
farsas por dentro de farsas
sentimentos órfãos
a impagável ausência de insónias
a mentira persecutória,
as almas mais perdidas.
Não esconjuram fantasmas:
os fantasmas alimentam a apoplexia
– e o que seria dos lamentos sem fantasmas?
Descreem de si mesmos,
cúpula das misérias do mundo
que desaguam numa só pessoa.
Não há meio
de colorirem o rosto com um nome válido
de ungirem as cores do dia
com um verbo radiante
de destroçarem as fatalidades sem remédio,
e, com remédio,
em meneio de inversão total,
serem seus próprios remédios
e recolherem do céu todo o plúmbeo suor
que se verte em forma de rugas.
Não sabem
fugir de si mesmos,
montras especiosas de farsas sem título
e dão-se de comer
os pútridos, amedrontados umbrais
que são os corpos em que se hasteiam.
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