Sou o avesso das medidas
sentinela dos pesares sem nome
aríete das danças sem coreografia
um zénite.
Arrumo a areia sem dono
a mortificada alusão ao progresso
os dentes desalinhados
sem próteses a rimar.
Anoiteço no coro inadvertido
sobre a varanda quimera
devolvo as lágrimas aos seus curadores
e explico aos improcedentes
o mistério que não quis alunar
no dorso da meditação.
Sou o inventário da inquietação
implacável com o dorsal acomodado
estreante da fala insólita
na justaposição de alcateias e colmeias.
Não adivinho adivinhas
nem telefono a oráculos
não obedeço a mandantes
e riposto contra a desordem sem vestígio.
Acompanho os mares
sem seguir marés.
E anteponho o olhar insaciável
sobre a cortina da comiseração
a pungente serenidade dos que capitulam
por ser intangível o sangue que me ferve
na balaustrada solene em que me faço palco.
Este é o palco
em que sou mais do que matéria
o combustível imarcescível no golfo das sílabas
e terço as armas contra a solidão dos verbos
que outros desprezam.
Entre o dia e noite
sem medidas cautelares
sem avisos com antecedência,
só o espelho radiante que dimana do meu peito.
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