16.9.19

Jam session ao entardecer

Sem regras. 
O mar imponderável 
seguido
de um imponderável mais fundo
enquanto as vozes sussurram
nomes inventados
o desmentido da erudição. 

Fala mais alto,
o espontâneo,
traduz instintos sem algemas
e a vontade de romper a ordem
no rendilhado de ameias vertidas
na intemporalidade. 

À primeira tentativa de regras,
o fautor condenado ao exílio;
essa é a única regra consentida 
– a proibição de regras,
para além daquela que as proíbe. 

Entreolham-se os confrades
à espera de um mote
à espera da refulgência da inspiração
que dê o mote
para a réplica ao mote de partida. 

A exaltação dos espíritos lisérgicos
é uma combustão
a transcendência dos olhares a desmedo
o cerzir de palavras improváveis
num intenso fervilhar 
em que se compõe o texto,
a múltiplas vozes. 

No fim,
não sobra registo
a não ser a memória efémera dos confrades,
um pedaço sem marca do tempo.
E essa 
é a segunda 
e última
das regras consentidas.

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