1.10.19

Campanha eleitoral

Não é da incontinência verbal. 
Não é pela retórica tribal
que amansa adversários
exalta o séquito
e (diz-se) 
hipnotiza o restante mercado das pessoas. 
Não é pela mitomania promitente. 
Não é pelo cortejo grotesco 
de personagens e figurantes
e aspirantes a personagens
que ainda não passam de figurantes. 
Não é pelo circo montado. 
Não é pelos plumitivos que
(não se percebe)
decaem no feitiço barato dos personagens
ou se deles escarnecem de mansinho
servindo-lhes microfone 
para provarem a risível condição. 
Não é pela pesporrência dos observadores
(e da sua indisfarçável parcialidade,
mas ai de quem a denuncie).
Não é pela estultícia 
dos julgadores de comportamentos alheios
sempre prontos
para abjurar os que não entram na dança. 
É quando apetece
regressar ao estado do bom selvagem
(excluída a hipótese do exílio temporário).

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