De estar em estâncias recolhidas
diz-se
que não lavrei conhecimento
das variadas facetas do mundo
e não soube dele recolher
os subsídios incomensuráveis
para a madurez.
Não tenho disso
juízo formado
nem julgo que deva ter.
Às costas
peso a gravidade dos dias inteiros
porque
(isso posso afiançar)
sempre quis
dos múltiplos ângulos do mundo
ter uma noção.
Só fechei um par de janelas
mas a quem é dado garantir
não ser de seus preconceitos prisioneiro?
Desde as alcáçovas emparedadas
lancei o periscópio sobre um olhar diferente
e se polémicas houve
que me agarraram pelo pescoço
foi pela denegação de transitar pelo admitido:
preferia saber
do que sabia ser meu antónimo
como matéria de aprendizagem,
como caução de uma certa
desidentidade.
E se insistem
que fui juiz em causa própria
que me alimentei dos poros que conhecia
que não atendi
as instâncias onde se jogavam os contraditórios
não tenho resposta
se não
a de remeter o juízo a quem de direito
aos que da minha vida terão
possivelmente
vivido mais tempo do que a vida teve.
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