“I’m by your side
I’m holding your hand.”
São as almas siamesas
os que fabricam uma exigência
nos olhos desempoeirados que se atiram
às funduras da lava entranhada.
Sem medo dos unicórnios
dos sonhos malsãos
do ar contrafeito que se insinua nos poros
das naus
que se despedaçam contra mares tempestuosos
da constelação de palavras que sangram
e cortam fundo
a carne exposta.
São as almas siamesas
um rumor inadiável
os comboios que não perdemos
as praias que recolhem o suor transido
penhores onde deixamos palavras exangues
as almas siamesas
cavalos sem freio no dorso das paisagens
métricas sem regras a favor dos dias férteis
cabelos que se entrançam
no sortilégio do vento destemperado.
As almas siamesas:
básculas do impossível
fortuna sem cálculo possível
gestos sem cura
por não haver dor sentida
um teatro com lotação esgotada
no pulsar das mãos nossas que prosseguem
siamesas.
Podem vir
estradas imponderáveis
sobressaltos sem pré-aviso
fantasmas loquazes
luzes que tremeluzem,
frágeis
archotes sem casas
uma miríade de pesares sem rosto
ou com conhecido rosto
o servil deitar na preguiça do tempo
a capitulação que parece irrecusável:
podem vir
umas ou outras
ou todas em conjunto
que não se desmaia o sangue combustível
inaugurado,
todos os dias,
nas almas siamesas.
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