Sob a contraluz
vejo o desenho da minha silhueta
um vulto disforme que se arrasta na parede.
Se soubesse de uma cortina
escondia-me atrás de outra
para não me ser revelado
o negativo de silhueta:
parece que ensaia uma coreografia
disforme
sitiada pelas finas fronteiras do vulto
que se aloja na contraluz da minha silhueta.
Sinto algum pudor.
Já há muito
perdi a inocência das ilusões.
Não danço
para não ser credor da indulgência de outrem
e convenci-me que o melhor remédio
é disfarçar-me
com a silhueta desenhada
sob o estirador da contraluz.
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