Não eram os punhais frios
que punham o sono em sobressalto.
Não eram os mudos medos
que saciavam as cicatrizes anuladas.
Não era o basalto aquecido
que furtava as lágrimas em inventário.
Não eram as angústias diletantes
que desembainhavam o corpo inteiro.
Não eram as injúrias à memória
que dispunham do tempo futuro.
Não eram os carris tartamudeados
que inauguravam o despeito jurado.
Não eram as sibilinas noites furtadas
que devolviam o sono anestesiado.
Não eram as balas párias
que amedrontavam a feição ousada.
Não era a contumaz ofensa ao verbo
que descosia a gramática sem métrica.
Não eram os solteiros penhores da manhã
que açambarcavam a água fresca da fonte.