Eram olhares estranhos
as avenidas vazias
à espera de dia
tornando-se as suas próprias esperas
entre a paragem do tempo
e a mordaça dos mastins.
Juntei as pedras avulsas
mas não esperei
que as pedras falassem:
as paredes estavam vazias
sem quadros
mudas
e a pele guardava o silêncio.
O vento irrompeu do nada
pôs a vegetação a falar
a única fala
que roubou o silêncio.
Era um tímido esgar
o furtivo espelho esquecido,
uma banalidade.
Dizias:
não há problema
a maldição distraíra-se
e por fim
os ingénuos comeram à mesa.
Dizias:
bem me parecia
que os males perpétuos
eram uma entorse ladina
uma conspiração contra si mesma.
Ao vagar das horas
impérios com armaduras
desfaziam-se em puídas estrofes
que nem de si diziam
loas que se vissem.
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