O grande sonho
era dar à estampa
(por assim dizer,
que ninguém dá
graciosamente
o corpo ao manifesto)
um vade-mécum.
Só a conceber a empreitada
passou as sopas de tempo.
Já no dealbar da travessia
quando pressentia
os vapores da decadência
à estampa deu
(por assim dizer
e etecetera e tal)
o vade-mécum.
Não cabia em si de júbilo
(e não era
por extravasar das medidas
que os prazeres da mesa
com a sedentária forma de vida
ditaram a obesa estatueta
em que se tornara)
com o vade-mécum calhamaço
em harmonia
com a dimensão corpórea que lhe cabia.
Nunca chegou a saber
que não houve vivalma
das muitas
que despenderam renda na obra
a ler o vade-mécum
de uma ponta à outra.
Não se importaria
se fosse dado a saber
desde o túmulo que o recolhia
que por vade-mécum
usava uma paronímia,
uma inconfessável paronímia,
para aos outros encomendar
um sibilino
“ide à medra”,
destinatário impessoal
na pessoa da humanidade.
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