Hoje
fiz a circunavegação
ao perímetro do pensamento
e estou sem saber dizer
que alcaide sou no penhor
de meu paradeiro.
Os remos eram pesados
e o mar ainda mais o parecia
ou era do vento que se jogava
na maré contrária à do meu rosto
e estou sem saber
se pude confiar no astrolábio
que seguia às cegas.
Hoje
adormeço com o peito cheio
e debaixo das pálpebras
o olhar sutura as costuras do tempo
para não sobrarem fendas
e à manhã consequente
em legado deixar os vestígios
do que sei saber que hei de ser
amanhã.
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