Arrancado à dureza dos maxilares
um silêncio povoado de noite
esgrime contra a pálida expressão do medo.
A fala, submersa,
amotina-se.
Arruma a rigidez dos tendões
e a teimosia dos músculos,
contrária a mudez estrutural
vendo como os copos
entretanto vazios
dançam com as palavras dantes reprimidas
as palavras agora espalhadas pelas paredes.
Um rosto ensonado adia a manhã,
acredita na ilusão.
A luz inaugural fere o olhar
a mesma agressão da fala emudecida
enquanto a noite onde se sentam as solidões
vocifera um bolçar que não se ouve.
O silêncio não passa de um disfarce.
Todo o peso das pessoas
arqueia as ruas
que cedem à profusão de páginas faladas
pelo somatório de todos os que souberam
das ruas.
Essa amálgama é a indelicadeza da cidade
uma teia de haveres que se entretece
com os segredos habilitados
em testamentos guardados no silêncio fundo,
a estola que cai sobre o seu dorso.
A nudez da cidade
enfim
disfarçada por este coro claro.