10.2.23

O exorcismo dos nomes

Os nomes

não importam. 

Não se fale

de extorsões

que se fingem

de incenso. 

Um nome não é 

o sangue 

que habita as veias

as esporas que se atiram

na projeção do horizonte

e desembaraçam 

janelas com artesões

não é 

um nome

o esconjurar 

supersticioso

do medo de sermos ninguém. 

E, todavia,

quantos nomes há

que são apenas

ninguém?

Quantos 

são os nomes

esquecidos

na almofada do tempo

na incúria da memória

num adeus inconfessável

no dorso de uma montanha

escondida nas ameias da noite?

Os nomes

não passam

de uma expropriação de almas

que se diz de o serem

depois de serem um labirinto

num nome. 

Os nomes

se não fossem um cárcere

podiam importar.

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