23.2.23

Virado do avesso

Do alambique

os pontos e vírgulas

que suspendem o passado.

 

Aros perfeitos

que incendeiam o ocaso

nos sinais sumptuosos de solidão.

 

Os povoados

engalanam-se para a sepultura

sem saber que são exímios candidatos.

 

Da parte dos algozes

uma impúdica avareza de almas

sem direito a voz em pleito.

 

Da garrafa coeva

o artifício das mentiras enfeitadas

no arsenal de labirintos insondáveis.

 

Nem de arnês

se fala nos corredores sombrios

a rendição é o idioma vencedor.

 

Perdedores

os inocentes arrematados para o pelourinho

desnudam as vozes cansadas.

 

Oxalá fossem 

mercadores de futuros os forasteiros

e deles se falasse por cima do presente.

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