8.2.23

Obra pública

Soou o ciciar de um fantasma

na fortaleza que guardava a noite

e do pano gasto resgatou o olhar 

embaciado. 

 

Suou no crepúsculo do pesadelo

que enfeitiçou os sentidos

enquanto a lava açambarcava 

o sangue. 

 

Muda a janela sobre o mundo

apunhalou pelas costas os mastins 

em metódico gesto de reparação 

do indevido. 

 

Muda de máscara, gasta,

antes que um cortejo de seráficas personagens

o traga para o pelourinho em sede 

de julgamento. 

 

Cala todos os silêncios amaldiçoados

a fonte de rebeldia sentada à margem

sentado na coreografia embainhada 

nas desregras. 

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