27.2.23

Nossa senhora da aflição

Certas

as esquadrias que enformam os corpos

um desfile sincero de estética

e se dizem que não é a estética alimento

por que há tantos mirones

dela dependentes como se uma religião fosse?

 

É desta vulcânica matéria que somos

um estrado feito de cortinas

e sobre o rosto,

incensado um véu que convoca diâmetro

o previsível testamento que não espera pelo tempo

tombando sobre as margens do amanhã

secretamente, em silêncio,

bolinando contra o vento audaz.  

 

O aval não vem às mãos

antes que a curadoria assine o livre solene

e os mastins sejam açambarcados

no vau onde fundas se estilhaçam as palavras. 

 

Concebemos os altares em lugares ermos

e é de propósito:

 

nunca percebi

como pode uma santidade ter por nome

aflição. 

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