Fugi aos olhos do mundo
por detestar
que os olhos do mundo
estivessem de atalaia
e eu
da mais profunda solidão
dispensasse essa companhia.
Esperei pela visibilidade da manhã
para depor a meu favor
e não quis saber que apeado seria
se fosse esse meu gesto.
Li os editais admiráveis
os que entronizam os reis de nada;
subi
sem tibieza
ao tribunal inferior
sem medo dos medos entoados
só com um garfo metido entre as ideias
desarrumando o futuro imperfeito
numa opereta eloquente.
Os arbustos diziam o caminho
sobre as pedras sucumbidas
contra os rostos silhuetas tomados ao acaso
esse, o imaterial bocejo
intemporal
a senha apalavrada dos segredos quitados.
Não digam
contra as probabilidades
que amanhã é Inverno
não conspirem
contra os obstetras que parturiam o mundo:
não lhes digam
que deram existência a um nado-morto
e que todos
os que por aqui diligenciamos tempo
fingimos o embaraço de tanto ardil.
Sem esta força arremessada contra os algozes
não somos nada
não temos nada
e enfim desaparafusados do siso
assisamos outras comendas
assinantes de uma tença desconhecida
o congeminado sol por batizar.
O sol
a que ninguém
verte o sal das feridas que esconde
o sol mátrio que afirma a gramática
e habita o fundo métrico
das orquídeas em devir.