Pensava
que tinha o pensamento
forrado a algemas.
Houvesse
quem desarmadilhasse
o pensamento.
Que de estouvado
tivesse todos os lugares
em vez de ser daninho
e privado de matéria.
Queria
a certa altura
um pensamento
virado do avesso.
As cores
trocadas;
dicionários
só os errantes;
divergências
todas
e mais algumas;
e lugares novos
que o pensamento
precisava
de aprender
a pensar
de novo.
O pensamento
reuniu o espólio
e pensou
que o inventário
tem mais de despensamento.
Afinal
o pensamento
só queria hibernação
uma cadeira puída
onde pudesse ser estilhaço
ou uma parede
que não estivesse por caiar
uma tela
à prova
de preces
como se enviuvasse
e passasse à reforma
mera curiosidade arqueológica
sem chegar a ser
sequer
nota de rodapé.
Não queria ser
a não ser
nostalgia de um conto futuro
lápide pendida sobre os cotovelos
um regaço inteiro
por habitar.
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