30.11.23

Apuro

O nefelibata apeado

antes de trair a fronteira

juntou as mãos às travessuras dinásticas

como se não esperasse absolvição

e aos lençóis freáticos 

roubasse as lágrimas que não tinha. 

Não se importava de ser pária

não se incomodassem com os andrajos

a colossal farsa que encenava

acenando às lívidas mães pela ausência dos filhos. 

Ele sabia dos gatos avulsos

sabia

que eram sentinelas à espera da noite

e que ninguém os acusava 

de serem reféns do medo

 

Eles é que sabiam

montados no rosnar altivo

príncipes autoritários que esventram as presas. 

 

Na véspera da manhã

diletante

assobia ao silêncio

no apartado longínquo da solidão

fugindo da sua cólera 

antes do testamento dos anciãos ser lei

antes que seja cedo para ser tarde.

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