2.11.23

Sociologia de algibeira

Corsários que deixam o mar suado

cruzados que sobem as árvores imodestas

sacerdotes que sepultam o pecado

artesãos descuidados com o véu lúcido

eruditos a estagiar numa taberna viciosa

beligerantes castrados nas desoras da vida

aspirantes demitidos no ato

cozinheiros que devolvem segredos ao mar

procuradores sem mandato desovado

mecenas sem latitude material

tiranetes condenados à solidão

cúmplices adestrados no contorcionismo

estetas mergulhados na feiura

vozes que se servem do silêncio

boémios extasiados com a manhã baça

mendigos amesendados em hotéis superiores

capitalistas a provarem a suína fatiota

ácaros militantes que dispensam o labor

treinadores de almas que empenham o unto réptil 

distraídos a beberem o dia pelo artelho da bota

primeiros-ministros que parecem quintos

rececionistas que mendigam bondade

avarentos que escondem gorjetas puídas

sonhadores que apanham um avião intercontinental

generais que fazem a incontinência.

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