A tabela térmica
respira a febre da pele:
as erupções devolvem luz à noite
e não se fale de eclipses
não desembaracem o lagar
onde as uvas fermentam de véspera.
É pelas varandas que as falas se juntam
as casas são uma prisão arrematada
lúgubres, sombrios espasmos de rotina.
As pessoas
habituam-se aos hábitos.
Não se demovem
por luares nómadas
ou lances ousados
que viram o jogo do avesso
os génios sempre adiados.
Só querem a usança
refeições à hora marcada
a purulenta televisão
onde desfilam malquerenças
e personagens escaninhas.
O fumo ao longe
não é um atestado de cemitério:
o vento assina as árvores
a durável concessão dos homens
máquinas em barda
a lava da civilização
como se contássemos os quilos de ferrugem
no inventário da abastança.
Não se interpõem os deuses
que também dormem.
Quisessem mediadores,
encontrá-los-iam nas medas avulsas
a meação que junta as mãos separadas.
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