9.11.23

Os escombros, não

Como sangue de framboesas maduras

as pálpebras falam no estreito da mentira

acostumam-se à imprevidência dos lobos

e deixam atrás o insensato esgar dos lúcidos. 

 

De vez em quando

as consoantes gritam o verbo duro

libertam-se da azáfama das noites desertas

e emprestam disfarces para quem nunca foi

farsa. 

 

O ouro está escondido na página 36,

segredou a divindade empossada, 

e os cães vadios que passavam

subitamente mataram a fome.

 

Não

não me escondo dos espinhos das amoreiras

trago comigo estátuas dilaceradas

e tatuagens que ainda procuram santuário.

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