Como sangue de framboesas maduras
as pálpebras falam no estreito da mentira
acostumam-se à imprevidência dos lobos
e deixam atrás o insensato esgar dos lúcidos.
De vez em quando
as consoantes gritam o verbo duro
libertam-se da azáfama das noites desertas
e emprestam disfarces para quem nunca foi
farsa.
O ouro está escondido na página 36,
segredou a divindade empossada,
e os cães vadios que passavam
subitamente mataram a fome.
Não
não me escondo dos espinhos das amoreiras
trago comigo estátuas dilaceradas
e tatuagens que ainda procuram santuário.
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