A boca do cão
fermenta a saliva
e as palavras embaciam
esbracejadas contra o cais tardio.
Mendigos disputam a madrugada
no ainda sono para os demais;
arrastam-se
as ácidas pestanas
disfarçam o dia nascido puído
– e eles,
robotizados no sofrimento fatiado,
arrastam-se pelo dia fora.
O ladrar dos cães
sente-se distante
mas ninguém sabe da matilha.
Houvesse ossos rejeitados por um talho
para a matilha ganhar um fio condutor
e os mendigos escolarizados
teriam então a arte de serem gregários.
Os cães
(dizem)
ficam a léguas da racionalidade
mas são os mendigos que mendigam.