Amanheço no luar estático
apuro o jeito distraído
como se estivéssemos
estremunhados.
Ajeito o sono antecipado
para o deixar em ebulição contínua:
nunca se sabe
se a lua adormece
e com ela serei refém de Morfeu
(de acordo com os sábios
temos um incorrigível défice de sono).
As horas mal dormidas
pressentem
as horas mal amparadas:
ele há hemisférios gémeos
não separados à nascença.
Se for para devanear
prossigo lateral ao rio
um caudal cheio com disparates averbados.
Uma correria
acompanhar este caudaloso rio
que não se esconde nas fendas subterrâneas
nem conspira com os estetas da moral.
Se houvesse ao menos
uma leve desconfiança
uma metódica desconfiança
as conspirações deixavam de ser
o verbo centrípeto
o lúgubre casario entulhado de esqueletos
a farsa sem nome completo
as facas puídas com todo o sangue extinto
a tropa circense que faz peito
um anátema contínuo em forma de fingimento.
Não seríamos a matéria vã;
não seríamos
matéria,
ponto.
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