11.6.24

Reminiscência

Amanheço no luar estático

apuro o jeito distraído

como se estivéssemos

estremunhados. 

Ajeito o sono antecipado

para o deixar em ebulição contínua:

nunca se sabe

se a lua adormece

e com ela serei refém de Morfeu

 

(de acordo com os sábios

temos um incorrigível défice de sono).

 

As horas mal dormidas

pressentem

as horas mal amparadas:

ele há hemisférios gémeos

não separados à nascença. 

Se for para devanear

prossigo lateral ao rio

um caudal cheio com disparates averbados. 

Uma correria

acompanhar este caudaloso rio

que não se esconde nas fendas subterrâneas

nem conspira com os estetas da moral. 

Se houvesse ao menos

uma leve desconfiança

uma metódica desconfiança

as conspirações deixavam de ser 

o verbo centrípeto

o lúgubre casario entulhado de esqueletos

a farsa sem nome completo

as facas puídas com todo o sangue extinto

a tropa circense que faz peito

um anátema contínuo em forma de fingimento. 

Não seríamos a matéria vã;

não seríamos

matéria,

ponto.

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