21.6.24

Centenário

Todas as mãos são ecuménicas

beijam-se no avesso da lua

onde se encontram no atear da vontade. 

Não se evitam 

no lacustre evocar das calendas

pois mãos desse modo quase incestuosas

perfumam as convenções decadentes

com o pestilento unto que as desaprova. 

 

Os murmúrios chegam para fazer uma voz. 

 

Despertencem, 

vagarosamente gastos

no diamante baço 

roubado aos braços dormentes

adestrando coisas inverosímeis

que acabam na malha das possibilidades. 

 

Pudessem os rios 

nascer nas sombras dos rostos

pudessem alistar-se nos navios mercantes

e trazer vestígios dos lugares alcançados

só para os oferecerem

com a mão sabiamente estendida

até povoarem um sol da meia-noite

e serem caução de paisagens geladas

sepultando os abismos perpendiculares.

Sem comentários: