Quanta
música não ouvida?
Quantos
livros por ler?
Quantos
lugares desconhecidos?
Quantas
palavras por dizer?
Quantos
luares adormecidos?
Quantos
alqueires anulados?
Quantos
teatros emparedados?
Quanto
mar por experimentar?
Quantas
cidades por escolher?
Quantas
noites por açambarcar?
Quantas
estantes por arrumar?
Quantas
frases por articular?
Quantas
lágrimas que ficaram por verter?
Quantos
punhais guardados?
Quantas
mãos se perderam na maré?
Quantos
olhares extraviados ao acaso?
Quantos
pesares pesaram a eito?
Quantos
sonhos sem palco?
Quantos
fogos desmaiados?
Quantos
frutos apodrecidos sem colheita?
Quantos
rios obliterados?
Quantas
pessoas no ardil da melancolia?
Quantos
súbditos sem vontade?
Quantos
voos demitidos?
Quantos
esboços que só esboço foram?
Quantos
lamentos admitidos?
Quantos
entardeceres bucólicos?
Quanto
futuro omitido?
Quanta
água baldia?
Quantas,
as perguntas órfãs?