13.5.17

Pugilista

Não é pelos punhos de renda
que o pugilista semeia encanto.
Nele
não há nada que frua
encanto. 
O pugilista sabe
do desvio no septo nasal
ossos do ofício,
ou apenas um desleixo 
de que ficou credor. 
As mãos calejadas
devido aos ossos do ofício
(as mãos que já não vestem luvas acolchoadas)
mapeiam as rugas do rosto
enquanto os olhos se demoram
nos troféus pendidos
nas fotografias louvando vitórias de antanho. 
O pugilista
atirado pela solidão
para o exílio da cama
não consegue verter as lágrimas
encomendadas. 
Os ossos do ofício
emparedaram as lágrimas
na barragem que o sitiou. 
Ao menos
a solidão não magoa. 

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