Línguas
agastadas
lançam
o opróbrio
contra
quem agita as águas mansas
com
a rebeldia indomável.
Apertam
o jugular ao tempo canhoto
sem
os sais puros em dívida
sem
os pais incertos do enxovalho
sem
sequer saberem olhar de frente.
Línguas
desapalavradas
no
ruído das palavras venais
lá
onde
devia medrar o musgo do silêncio
sem
supor o tiranete festim
de
tirar palavra aos diletos seguidores
dos
circenses pederastas.
Ah!
A
toleima arregimenta-se
contra
a lua verbena
contra
iracundos mestres canhestros
contra
as contrariedades que deslaçam
o
poiso fértil das divindades;
contra
tudo o que seja contra.
Oxalá
pudessem
mudar de olhos
pudessem
saber de cor a cor das palavras
sem
o baço buço que as deslustra
sem
os ramos pútridos que apodrecem árvores
sem
as arcas sombrias
ou
os anagramas da impiedade.
À
espera de vez
os
imorredoiros sacerdotes
arrastam
a ossatura em prebendas vãs
que
outros de semelhante jaez
se
oferecem reciprocamente.
Um
holofote fundido
é
fiel capaz
no
meio de tanto deserto.
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