5.5.17

Lassidão

Do meridiano hasteado
desvendei a solidão que fora cifrada
antes que o entardecer estorvasse a claridade. 

O peso do mundo
não se joga contra os olhos vertidos
na finitude de um mapa. 
O peso do mundo
por mais que seja pesado
não arqueia o corpo leve
não o embaraça na estreiteza
de um rio assoreado. 

Virtudes em contumácia
perdem-se no labirinto baço
remexendo
com as mãos gastas
nas passagens de nível
escondendo segredos vitais
segredos viris 
bolçados por varões em pose monárquica. 

E depois
à sobremesa
entre os copos rejeitados
e o fumo deslaçado
tiram-se à sorte os penhorados
ao fado das divindades estultas
as seráficas sereias que ateiam fogos
por dentro da água tumultuosa
à escala de um mar reduzido a um aquário. 

Amedrontados
os parceiros exclamam:
vamos embora
vamos daqui para fora!
e enfeitam o celibato involuntário
com um aceno de mão codificado
no presságio de um amanhã exaltado
nas improváveis teias vãs
de proezas simuladas. 

A floresta enche-se de elfos
e o sono
pode tomar o seu lugar. 

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