Em perfeita
negação da obsolescência
tirava à sorte
entre os dedos
de uma mão
o critério banal
da leviandade.
Tinha de dançar
com o Japão
e as noites
baças não seriam estorvo
nem a
despropensão para a coreografia.
À medida que o
vento vindicava presença
e as espadas
hirsutas mugiam a fuligem
os cálculos dos
argonautas eram a baliza
dentro das
limitações da sua matemática.
Contudo
deixei os
sapatos no hotel vidrado
e fiz notar
que não sabia
que eram precisos
para dançar com
o Japão.
Prometeram-me
engenhos pirotécnicos
festejos a
preceito
uma homenagem em
caso de coreografia
medalhas e tudo.
Foi quando fiz
de conta
ter-me
esquecido,
ao acaso,
em perfeito exercício
de inocência fraudulenta,
dos sapatos amestrados.
Não dancei com o
Japão
(nem com ninguém)
nem comendas
trouxe em resposta.
Dormi como quis
o sono sopesado
dos anónimos.
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