7.5.17

Sem resposta

Quanta música não ouvida?
Quantos livros por ler?
Quantos lugares desconhecidos?
Quantas palavras por dizer?
Quantos luares adormecidos?
Quantos alqueires anulados?
Quantos teatros emparedados?
Quanto mar por experimentar?
Quantas cidades por escolher?
Quantas noites por açambarcar?
Quantas estantes por arrumar?
Quantas frases por articular?
Quantas lágrimas que ficaram por verter?
Quantos punhais guardados?
Quantas mãos se perderam na maré?
Quantos olhares extraviados ao acaso?
Quantos pesares pesaram a eito?
Quantos sonhos sem palco?
Quantos fogos desmaiados?
Quantos frutos apodrecidos sem colheita?
Quantos rios obliterados?
Quantas pessoas no ardil da melancolia?
Quantos súbditos sem vontade?
Quantos voos demitidos?
Quantos esboços que só esboço foram?
Quantos lamentos admitidos?
Quantos entardeceres bucólicos?
Quanto futuro omitido?
Quanta água baldia?
Quantas, as perguntas órfãs?

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