As
palavras mudas
as
palavras mudam.
Tenho
a dizer
à
sintomática audiência sentada
e
à que se encontra de pé
que
dos armários do mundo
sobejam
umas migalhas de ouro
autêntico
arquétipo
da
fortuna que a ninguém interessa.
Mudas,
as palavras
mudam
as palavras
com
a muda do tempo.
Tenho
a desdizer
de
cima do palco encardido
que
um punhado de gente se assenhoreia
das
ruas inteiras
dos
segredos que se especulam
e
que atiram penumbra para cima do sol.
Mudam
as palavras mudas
e
o ruído com que enfeitam os quadros
é
o desenho protestado em rimas sucessivas
sem
o incómodo do amanhã.
Documentadas
as existências efémeras
abdico
do sangue fundo
e
trago ao de cima
a
volúvel bandeira sem cor
contra
os bastardos consumados
e
as vozes guturais que aparecem no vazio.
Mudas
as palavras que mudam
na
judiciosa prisão
dos
fantasmas desenganados.
Muda
a muda do resto
no
opúsculo contrariado
contra
os remos quebrados
que
esbarram nas águas mortiças.
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