Faz de conta que
fui ao médico.
Faz de conta.
E que o médico
inquieto com as
maleitas
que eram minha
apoquentação
mandou
estudá-las.
Voltei ao médico
quatro dias depois.
Faz de conta
outra vez.
O médico,
perplexo,
narrou com
técnicos termos
as medidas da
maleita que andava comigo.
O médico estava
perplexo
mas não era por
minha causa;
a perplexidade
vinha afivelada
à patologia que
era de outros
e pelos outros
vinha contaminar-me.
O médico
desenganou-me.
A doença
pertencia a outros.
Perguntei
se nem pelo
contaminante efeito
a patologia
passava a ser minha.
(Não
que tivesse ambição hipocondríaca;
é
que tamanhos sintomas
causavam
brotoeja a gente canhestra).
O médico olhou,
com o olhar
perdido de quem está longe,
e quando o olhar
regressou aos meus olhos,
lavrou
prescrição singela:
rir,
rir com
gargalhada sonora
demoradamente
um riso
espontâneo
desfazendo urros
que incomodam a um nada
com a grandeza
de um sorriso.
Deixar a agnosia
ser programa de humor.
E a todos os
canhestros
agradecer
o (meu) sorriso
perene.
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