O marinheiro
coçava a cabeça,
eram tantos os nós
por desatar.
Era sua função.
Apetecia-lhe ser
madraço
convidar o ónus
à ausência
embolsar o sono por
dentro dos olhos
cantar aos
pássaros famintos
apreciar as
varinas que descarregavam a faina.
Mas era mais
forte que os impulsos;
pegou numa corda
noutra e noutra
a seguir
e as mãos
calejadas de destreza
desfiavam os nós
impossíveis.
Ou os nós que
pareciam impossíveis.
O marinheiro
tinha as mãos ensanguentadas
de tanto porfiar
nos interstícios dos nós.
Na manhã depois
o contramestre
nem reparou nas cordas
ordeiramente
depostas no convés.
O tempo seguiu a
ordem de sempre.
E o marinheiro
não tinha miradouro
para sonhos
diferentes da arte que era sua.
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