3.9.15

Desconversar

Os ramos secos fecundam
as letras madraças.
Troca-se prosa que caçoa dos sentidos.
Às duas por três
os ramos secos extinguem-se
e fica apenas o chão nu.
Podíamos podar árvores centenárias
ou apenas beber cálices de vinho
enquanto a alma tergiversa.
Ou então
para não sermos apóstolos da indiferença
medrar no sofá e em filmes suecos.
Nem tudo pode ser contumaz
– advertem os senhores da sensatez.
É quando soam as sirenes:
chegou a hora do desconversar.
Chegam depois novas retumbantes:
estaríamos a loucurar
(rezam as novas empoeiradas).
Que seja assim.
Antes uma loucura fecunda
do que a linha direita que fede
a desloucura.
Se preciso for desconversa-se.
As vezes que forem precisas.
Até que toda a desloucura
caiba dentro de uma touca de amianto.

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