Os
tijolos cheios de musgo
cansam
as mãos.
O
suor que lava o rosto
desdiz
as facilidades.
Porém,
entre
a espuma do mar que beija a areia
há
conchas pequenas que enchem a alma.
As
mãos suadas evocam as conchas
por
entre o musgo dos tijolos.
A
fala entaramelada testemunha
o
cansaço dos ossos.
A
parede é alta
descobre
armadilhas
parece
que não se deixa transpor.
Mas
a parede esconde um sortilégio.
Não
se sabe
o
que mostra no lado escondido.
Pode
ser a fruição da bondade
com
campos intensos e flores garridas
montanhas
suaves atapetadas por urze
os
cimos ainda tapados pelas neves eternas.
Ou
pode ser uma cornucópia de estultícia
um
abraço ardiloso de maldade
e
rios fétidos
envergonhando
com as suas escuras cores.
As
facas pendidas terçam a incerteza.
Mas
as mãos suadas não se intimidam.
Agarram
as pontas dos dedos
pedaços
pequenos de tijolos
e
escorregam
escorregam
vezes sem conta
no
visco que os enroupa.
A
eternidade dos tempos adeja
em
forma de ameaça.
Pois
as mãos pertencem a quem não é imortal
e
o engenho não é imorredoiro.
O
muro
o
tão alto muro
o
muro que parece crescer
assim
que as mãos derrotam um pedaço de tijolo
personifica
uma promessa.
Não
se sabe que rosto se esconde
no
lado oculto da promessa.
Nem
assim as mãos se demovem
à
medida que o corpo restante ordena
que
o musgo dos tijolos se dissolva
no
suor das mãos.
Depois
se verá.
Quando
o promontório for tomado
e
a alta parede for lugar de contemplação
saber-se-á
que estimativas faltam
para
o descer
e
pisar
talvez
seguro chão.
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