Sonho.
Sonho que sonho.
Sonho que estou acordado
e tudo o que sonho
tem o fiel do que é tangível.
E os sonhos demissionários
(aqueles que as deusas reprimem)
vociferam nos interstícios
espreitam um lugar seu.
Os sonhos bons
os sonhos maus
aqueles que de tão tremendos
se estendem para além do acordar.
E os sonhos bons,
ah! os sonhos bons:
a tecla de veludo
o tempo demorado
um beijo arrebatado
uma paisagem
pilhas de livros por ler
gente que é gente
(com defeitos a preceito)
as esperas necessárias
o agradecimento
as coisas impenhoráveis
a saia rodada
o bom trato
os cordões dos sapatos
as tulipas ordenadas
um piano de cauda
a sede saciada
a árvore matricial
o amor que se encontra
a adorável existência.
Sonhem-se sem freio
como se o amanhã não viesse
e todos os preceitos coubessem
nos sonhos que são agora.
Deixemos os sonhos ter as suas asas
que sejam ninho das coisas todas
das mundanas
às que vão ao altar da importância
das que doem
e das que congraçam um sorriso.
Deitemo-nos no sono
à espera dos sonhos.
Façamos como eles,
os sonhos,
e sejamos tutores de uma criativa vida.
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