As
paredes pingam o suor sangrado
acometem-se
sobre o pescoço
gritando
palavras baças.
Não
sei se as fotografias
prestam
homenagem
aos
rostos.
Não
sei se as imagens distorcidas
as
sombras erráticas do filme
atravessam
a paisagem em furor.
Talvez
seja apenas um sonho,
um
mau sonho.
Talvez
seja uma lembrança vã
um
arpejo abafado sintetizado na voz de um
arcanjo;
talvez
sejam as consoantes mudas
que
adulteram o sentido das frases;
ou
apenas o quarto escuro
obnubilando
os sentidos,
emparedando
a razão viva
(o
que quer que isso seja).
Agigantam-se
anjos verdes
contemplando
o entardecer desde o miradouro
à
medida que as crianças andam de bicicleta
e
os progenitores leem as notícias atrasadas.
O
santo Graal
uma
mãe de santo
um
curandeiro africano
ou
um músico ardiloso:
já
não sei ao certo
qual
deles sussurrou ao ouvido
que
a paleta de cores não desmaiou
e
elas entram pelo olhar com a cintilação
que
têm.
(Ou:
em
não existindo
nenhuma
daquelas entidades
se
calhar apenas julguei que ouvi tais palavras.)
Porventura
a
aventura é apenas ser.
Sem
pejo das desmedidas que são os outros
ao
que um filósofo ensinou serem o inferno.
As
baias encastradas nos colarinhos desprendidos
ajustam
o prumo do vento.
E
nada
nada
descompõe
a sinfonia que se desembainha
no
que seria o estertor do caos;
ao
invés,
renascem
os sentidos
da
poeira ácida deixada em restolho
pelos
embustes em forma de curadores
de
tudo.
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