2.11.15

O lago dos sofismas

Os remos molhados
sulcam as águas paradas.
Notam-se vestígios de musgo
nas extremidades dos remos.
            Não é de ser obsoleto; é sinal de alma.
O pequeno barco
junta-se a uns nenúfares perdidos.
O arvoredo nas margens
sibila o vento fresco de norte.
            O vento que lava a alma por dentro.
Nas margens do lago
as crianças tomadas pela algazarra
nem desconfiam das sombras do mundo.
            Quantos de nós não gostaríamos
da infância imorredoira?
As tardes de domingo
volúveis e bucólicas
conseguem ser um ardil
do manto espesso que os olhos
não escondem nos dias restantes.

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