A casa sem verbos:
desarruma-se o livro centrípeto
enquanto a maresia desenha as nuvens
e um pedinte, absorto, mergulha na nostalgia.
(Fosse esse
o seu único sortilégio.)
Não são as décadas que falam;
se ao menos as preces fossem pagas
delas diriam as cinzas
que os amanhãs compensam.
Mas o caudal vaga na curvatura do rosto
sem que todos os peixes sejam extintos
e as mãos se gastem na estreiteza do labirinto.
Às vezes volteio os dados
como se soubesse que desse sortilégio
um desenho reinventado
seria um oráculo remediado.
Não desisto dos medos que acautelam
em rimas desordenadas
a meias com a meação de que me dou
guardando a parte sobrante
para juros ulteriores.
Se os feiticeiros fossem ao mar
quem sabe se a safra seria generosa?
(Ou apenas
a medida da incorrigível cobiça
a forca que se perpetra contra os Homens.)
Perguntas como esta
são como dádivas anónimas
um corvo vigilante que segue o rasto do sangue
antes que o sangue seja um diadema
e da carne se exponha uma fratura;
o tempo visível não está à mostra.
Cuidamos das armas que recusam a beligerância
e sabemos
em juras sem procurador
que não sobra ninguém no pútrido campo
onde se terçam as guerras.
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