Podia ser
a fuligem que açaima o mar
a insaciável sede de maresia
ou apenas
o embaraço de ser.
Podia ser
um beijo sem cor
a temperar o rosto melancólico
e as temporadas não seriam vãs
no seu improvável presságio.
Fossem as palavras castelos sem sombra
e a fala um idioma sem segredos
todos os versos combinariam com a manhã
e
por fim
os mastins seriam calados.
Sem que fossem promessas à espera
o caudal servia de paramento para as juras
e de véspera em véspera
Aas mãos incansáveis seriam mestras do dia.
Até que
enfim
o céu consumido pelo ocaso
já não fosse um segredo sem cofre
e as rimas
fossem o lugar possível da fala.
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