20.12.21

Novecentos e tal

A boca sem tamanho

maior do que a boca de um cão faminto

estipula a chuva tardia

no arranjo delicodoce das árvores matinais. 

Serve de estuário aos impropérios

diletante juramento das presas de infâmias

ou apenas um enclave

onde se situam as manhãs sem paradeiro

sem toponímia que as salve

sem fruição. 

O sangue sincopado mente aos costumes. 

A boca fanfarrona desdiz-se

e ninguém toma conta da mitomania. 

Pudera. 

Os costumes só são bons

se forem useiros no tributo à verdade

por mais que os seus apóstolos

mintam

com os dentes puídos que disfarçam

no impossível esconderijo da boca disforme. 

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