Na garganta da terra:
os lençóis revirados
marca registada do avesso
tatuavam a crisálida
que avivava a melancolia.
Tirava as medidas ao comboio
que rompia o silêncio noturno;
de vez em quando
ecoavam os nomes
em seus disfarces
de fantasmas.
Os proveitos versados,
anotados em folhas amarelas,
eram olimpicamente ignorados:
falava-se de desmaterializar a matéria
por tudo o impossível que soasse
nas arcádias povoadas pelo escol.
As falas não eram importunadas
ainda que se atropelassem
num caudal contínuo.
Delas se dizia serem o manancial
de águas frutadas que empunhavam
poemas.
Esses poemas
eram as mãos que desciam à terra funda,
as mãos fundamentadas
– mãos sinceramente à prova de medo –
e traziam à superfície
com a mediação de periscópios rigorosos
uma forma de arroz enfatuado,
mas com a devida autorização
dos tutores da república.
Pois a terra
tinha a sua garganta
e ai de quem
a quisesse silenciar.
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