A poeira não sobe à boca:
não está vento de feição
e neste cais
as paredes são fortaleza.
Os tumultos desfazem-se na maré
elidindo os sobressaltos com escritura
dissolvidos num nada sem vestígios por dentro.
Sem os olhos embaciados
a transgressão esconjura-se
e ficam por contar as centelhas venais
contra as miosótis promitentes
e as páginas esplêndidas que amanhecem
a despeito dos maus prognósticos.
Os rostos
amontoam-se nas esquinas da memória.
Não falam:
passeiam as suas expressões sintomáticas
com a ajuda de sucessivas camadas de silêncio,
a proverbial consumição das palavras vãs.
As folhas das árvores ainda não estão caducas.
Resistem
como só os espíritos enraizados sabem resistir.
Daqui a uns meses
quando as folhas cadáveres derem à estampa
saber-se-á da linhagem das gentes
se conservam a volumetria de deuses improváveis
ou se capitulam
na sincera decadência da sua fragilidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário