2.8.22

Despatriotismo

De silogismo em silogismo, 

as bandeiras decaíam 

no esgotamento dos costumes. 

Dizia-se:

somos peritos em farsas

e avançamos pelo avental

do fingimento

fundindo em verbos ostensivos

o boçal ornamento da fala intransitável.

Os bocejos tornaram-se adjetivo

e da fundura dos estigmas

ninguém reparou na indigência

no mais aviltante destratar de si.

As loucas vozes gritavam

mas ninguém ouvia o clamor

ninguém

queria saber do livro de estilo

onde se ensinava a decadência. 

As mãos caíram no barro

mas não souberam ser escultoras.

Agora ficávamos à mercê do acaso

antes que do avesso de nós

colhêssemos a agitação própria

de quem está fora de validade. 

As bandeiras despedaçadas 

sem servidão

esqueceram-se do hino.

As pessoas esqueceram-se

do hino e das bandeiras;

esqueceram-se

de quem são.

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