21.10.22

Buenos Aires (promessa)

Ouvimos

em surdina

os verbos esquecidos. 

 

Lamentamos

em coro

as páginas desfalecidas. 

 

Avisamos

o passado

para não ser vulto. 

 

Arrefecemos

em segredo

a candeia do medo. 

 

Habitamos

de corpo inteiro

o sangue crepuscular. 

 

Admitimos

nas nossas mãos

as bocas impacientes. 

 

Resolvemos

sem aviso prévio

as rugas que adejam no ocaso. 

 

Desenhamos

em sílabas desabituadas

os labirintos que se antecipam. 

 

Fintamos

com a destreza do Maradona

as trovoadas impertinentes. 

 

Marcamos

nas costas do segredo

o lugar em Buenos Aires.

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