O musgo
dava uma ideia
do Outono.
Do mesmo modo,
os cogumelos que medravam
livres
nos baldios à mercê
do sortilégio outonal.
Desta vez,
as estações
não estavam do avesso.
As pessoas
paradoxalmente
andavam tristonhas
refogadas em lume brando
pela chuva instalada há dias consecutivos
e a humidade bafa que emprestava
um ameno quase exótico
aos dias arrastados.
As pessoas
desprezam o bucolismo do Outono.
Não apreciam
a metamorfose das folhas das árvores
escrevendo o seu próprio óbito
na decadência selada pelo acobreado mágico.
Se pudessem
os desavindos com o Outono
saltavam a estação,
melhor dizendo,
saltavam as duas estações
que obrigam a abrigo e agasalho.
Os que desaprovam o Outono
não sabem
que o Outono não é o espelho da decadência;
é um amplexo que se ajuramenta
na renovação que encontra sedimento
na hibernação heurística.
Nós também hibernamos
sem ser um Outono
que nos desaprova.
As pessoas
invejam o Outono
porque não têm mão
na metamorfose
que é a promessa do Outono.
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