O estribo aperta o corpo ao mastro
e não há mar em convulsão
mas de gigantes ondas perfumado pela ira
a demover a vontade rainha.
O esqueleto sabe de cor as curvas das ondas
sobe pelo mastro até se tornar altivo
o desafio insolente à pureza cínica do mar;
não se tolhe
a coragem de marinheiros desta cepa
não desistem da manhã
nem em noites de medonhos pesadelos
boicotam o mar desarrumado
e ordenam
com voz sibilina e estrofes amadurecidas
para o mar se reduzir à serenidade mirífica.
Os navios erram na bússola predestinada
orquestram os sulcos com que colorem o mar
sabendo-se
que neles habitam
as vozes que desistem da angústia
as vozes que não se esgotam na saliva rarefeita.
São os bancos graníticos que sobem
quando as ondas se desfazem
num punhado de espuma
quando se descobre que não há orquídeas;
são as vozes desistentes dos embarcadiços
que não escondem os arsenais sem recursos
as vozes
que desenham os parapeitos
que ajudam os corpos a serem preces
enquanto lá fora
sob os auspícios de uma tempestade armadilhada
os corpos precoces são despedaçados,
pela centelha que se traduz
em dicionário fora de curso,
por estilhaços.
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