14.12.23

Desmontagem

Os corpos esbracejam

multidões ansiosas por um aval

os seus abusivos xailes cobrem o silêncio. 

 

Não há quem desmate a floresta sem luar

não há ninguém no arrumado altar das fugas

e os bardos já não têm repertório

vencendo, enfim, 

o silêncio. 

 

Os cálices maduros sobem às bocas. 

 

Desaprenderam a nostalgia

e agora 

saciados

compõem as fragas por se despenha o medo. 

 

Sem céu por abrir ao luar

sobra a meada de neve

o longo apeadeiro onde se consomem as almas

no vindouro espelho que espartilha o passado. 

 

O ontem 

deixou uma amálgama retorcida

nomes e lugares e rostos e casas

embaraços tenentes da matéria puída

toda uma constelação de lúgubres lugares

à espera de lugar

na sepultura.

Sem comentários: